RELATO DE REUNIÃO DA COMISSÃO ASSESSORA PARA AS HEPATITES
VIRAIS
Brasília, 09 de agosto de 2018.
1. Às nove horas do dia nove de agosto de dois mil e
dezoito, reuniram-se no edifício PO 700 em Brasília, os membros da Comissão
Assessora para as Hepatites Virais (CAHV) com representantes do Ministério da
Saúde (MS), Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), Grupo de Incentivo à
Vida (GIV), Organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) e Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), no intuito de esclarecer pontos relacionados às
estratégias de negociação de preços para os medicamentos de Hepatite C e Coinfecções,
adotadas pelo MS, bem como a proposta de reestruturação do PCDT. A pauta da
reunião foi estruturada com o objetivo de esclarecer todos os questionamentos
enviados por meio de cartas ao Ministério da Saúde.
A lista dos participantes na referida reunião encontra-se
anexa e este relato.
2. ABERTURA
2.1. Secretário da SVS – Osnei Okumoto 2.1.1. Iniciou a
reunião com as boas-vindas, e destacou a aproximação do poder público com
representantes da sociedade na busca por alternativas para enfrentamento das
hepatites virais. “Juntos, colaborando uns com os outros, poderemos propor
políticas e ações para o enfrentamento desses agravos de forma mais efetiva. ”
2.2. Departamento de IST, AIDS e Hepatites Virais – Adele
Benzaken
2.2.1. Explicou que a reunião extraordinária da CAHV foi
convocada para responder ao questionamento de algumas cartas enviadas ao MS.
Lembrou que outras cartas foram enviadas ao MS que buscam dar sustentabilidade
ao Plano de Eliminação da Hepatites C. O MS tem envidado esforços para cumprir
as metas e atingir o objetivo da eliminação até 2030, dentre essas ações está a
simplificação do diagnóstico. Neste sentido, hoje, após a identificação de um
caso positivo utilizando o teste rápido, já se pode indicar a realização da
carga viral para o paciente, que está sendo financiada pelo MS. Desta forma,
minimiza-se a perda de diagnóstico em decorrência da indisponibilidade de
sorologia. Além disso, o atual PCDT ampliou seu escopo prevendo o tratamento
para todas as pessoas com Hepatite C, independentemente do grau de lesão
hepática.
2.2.2. Informou que o Plano de Eliminação foi aprovado na
Comissão Intergestores Tripartite (CIT), apresentado no Conselho Nacional de
Saúde (CNS) e no GT-VS. Dentre as metas pactuadas no Plano está previsto o
aumento no número de pessoas tratadas por ano. Essa ampliação exige uma
negociação de preços mais efetiva, em vistas dos preços praticados pela
indústria farmacêutica internacionalmente. O menor preço praticado pelo Brasil
com os DAAs, até hoje, foi de aproximadamente 6200 dólares por tratamento de 12
semanas.
2.2.3. O preço até então praticado não corrobora para a
ampliação no número de pessoas tratadas de forma sustentável. Por esta razão, o
antigo Ministro havia decidido adotar uma estratégia de credenciamento para a
oferta dos tratamentos para hepatite C. Esse credenciamento levou a necessidade
de alterar o PCDT até então vigente, inserindo todas as alternativas
terapêuticas com registro no Brasil e incorporadas ao SUS, dentre as
possibilidades de esquemas. Todavia, aconteceu a troca de Ministro, e após
exposição do cenário ao novo Ministro, foram identificados problemas de ordem
jurídica em relação ao credenciamento. Devido a urgência de uma nova compra em
virtude da demanda reprimida, autorizou-se que a aquisição fosse realizada nos
moldes da compra de medicamentos, em consonância com o quantitativo previsto no
Plano de Eliminação.
2.2.4. A partir disso, o DIAHV entrou em contato com
Departamento de Logística (DLOG), Departamento responsável pelas compras do MS.
O DLOG fez a convocação de todas as empresas que tinham registro de
medicamentos para hepatite C no Brasil para uma reunião de tomada de preços,
que ocorreu em julho de 2018. Ressaltou-se que não foi o DIAHV quem convocou a
reunião, pois isso não é competência desta área técnica, mas sim o DLOG a quem
cabe realizar as negociações no âmbito do MS.
2.2.5. Na reunião de tomada de preços, realizada de forma
extremante democrática, estavam presentes alguns membros da CAHV para auxiliar
nas questões técnicas, o DLOG, o DIAHV e todas as empresas, a saber: Abbvie
Farmacêutica LTDA; Bristol-Myers Squibb Farmacêutica S.A.; Blanver Farmoquímica
LTDA; Gilead Sciences Farmacêutica do Brasil LTDA; Merck Sharp & Dohme
Farmacêutica Ltda; Istituto de Tecnologia em Fármacos – Farmanguinhos/FIOCRUZ.
O laboratório Farmanguinhos/FIOCRUZ tem um acordo de Parceria para o
Desenvolvimento Produtivo – PDP - com a empresa Blanver para manufatura de
sofosbuvir.
2.2.6. Na oportunidade foi colocado que as indústrias que
não se sentissem confortáveis em abrir e negociar seus preços poderiam não
participar da tomada. Nenhuma se retirou. Todas as empresas estavam presentes
com equipes técnicas, de gestão e jurídica.
2.2.7. Para início da tomada de preço foram apresentados dez
possíveis cenários de aquisição. Na discussão com as indústrias farmacêuticas
foram acrescentados mais dois cenários, totalizando doze possíveis cenários de aquisição.
2.2.8. Enfatiza-se o caráter legal da reunião realizada.
Chama-se a atenção para o fato de que as informações iniciais obtidas por
sociedades e ONGs sobre a tomada de preços foram provindas de fontes informais
(provavelmente pela indústria farmacêutica). Então, a partir de informações
oficiais agora postas pelo MS, tem-se a intenção dese estabelecer um diálogo de
gestão, técnico e respeitoso, não só acerca da reunião de tomada de preços, mas
dos desdobramentos ocorridos na
sequência.
2.2.9. A negociação dos medicamentos para Hepatites Virais
ocorreu por horas, onde as empresas davam lances e baixavam seus preços aos
poucos. Isso fez com que o custo aproximado de tratamento passasse dos 6200
dólares, pagos por tratamento de doze semanas na última aquisição feita pelo
MS, para 1506,75 dólares após a tomada e
preços. Sabe-se que esse valor ainda é muito superior aos praticados pelas
mesmas indústrias em outros países, mas não se pode diminuir a relevante queda
de preços conseguida com essa estratégia.
2.2.10. O impacto da economia da nova estratégia de
negociação dos 50 mil tratamentos, quando comparado ao último preço praticado
pelo Ministério da Saúde (6.200 dólares), chega à casa de 1 bilhão de reais.
2.2.11. É importante salientar que o orçamento para
aquisição dos medicamentos não se modifica, temos um limite de gastos, e é por
esta razão que foram chamadas entidades com experiência no uso de genéricos
para a reunião da CAHV. As experiências dessas entidades permitirão um diálogo
mais alinhado da CAHV com o DIAHV.
2.2.12. A tradição do DIAHV é de diálogo, que sempre
aconteceu de forma muito respeitosa, mutuamente. Lembrase que a CAHV é de
caráter consultivo e não deliberativo, e que o DIAHV tem autonomia frente aos
seus processos e estratégias de aquisição.
2.2.13. Resgatou-se que todos os membros da CAHV assinaram
um termo de confidencialidade, logo a discussão desta Comissão, eticamente, não
deve ser compartilhada, principalmente com a indústria farmacêutica.
2.2.14. Alertou-se para o fato de que a reunião estava sendo
filmada e gravada. E abriu-se espaço para que aqueles que não se sentissem à
vontade em estar na Comissão, assessorando o Ministério da Saúde, pudessem se
retirar e não apoiar mais o Departamento.
2.2.15. A reunião pretendeu harmonizar as informações,
proporcionando uma oportunidade dos membros da CAHV escutarem o que o DIAHV tem
a dizer sobre o assunto. O MS precisa do apoio da Comissão para avançar nos processos
de aquisição e oferta de medicamentos.
2.2.16. Informou-se que os processos de compra para as
alternativas preconizadas pelo PCDT como retratamento serão conduzidos
separadamente, assim como os tratamentos para a população pediátrica. Isso
ficou muito claro para as empresas na oportunidade da tomada de preços.
2.2.17. Os esquemas propostos para o retratamento no PCDT
foram submetidos à consulta dos membros da CAHV, que puderam opinar sobre eles.
2.2.18. O DIAHV acredita que a prática de preços acessíveis
é indispensável para o sucesso do plano de eliminação. Fornecer um leque de
opções não colabora para obtenção de bons preços, pois se diminui o
quantitativo de aquisição dos produtos e consequentemente diminui-se a
possibilidade de queda do preço. Sendo assim, é necessário eleger um bom
tratamento que atenda a maioria dos pacientes. No caso, o esquema que
apresentou melhor custo aproximado de tratamento
foi a associação de sofosbuvir+daclatasvir, que é um esquema pangenotípico,
recomendado nos principais guias de tratamento, inclusive no Guia recente da
OMS.
2.2.19. Posto isso, vale lembrar que o que move o DIAHV são
as pessoas, e que se precisa ofertar o maior número de tratamentos possível. É
importante que a CAHV entenda essa decisão de gestão, e apoie o MS.
3. Plano de
Eliminação e Proposta de atualização do PCDT de Hepatite C (Dra. Maria Cássia)
3.1. Iniciou-se com a contextualização acerca do Plano
Nacional de Eliminação da Hepatite C, cujo conceito de eliminação se define
pela capacidade em reduzir novas infecções em 90% até 2030 e reduzir as mortes
em 65% no mesmo período.
3.2. O primeiro passo para a construção do Plano de
Eliminação foi atualizar os dados epidemiológicos de hepatite C no Brasil, no
ano de 2017.
3.3. A atualização do PCDT é uma das ferramentas para se
atingir as metas propostas no Plano, que também prevê a ampliação do diagnóstico.
3.4. No Brasil há cerca de 700 mil pessoas com Hepatite C,
virêmicas. Nesse momento, há necessidade de se tratar aproximadamente 50 mil
pessoas por ano para atingir a meta definida no Plano de eliminação.
3.5. O investimento em testes diagnósticos também é
fundamental, haja vista a dificuldade em se identificar os pacientes. Desde
2015, quando foram inseridos os DAA no SUS, a média de tratamentos/ano é deaproximadamente
25/30 mil pacientes/ano. Nos últimos 5 anos o gasto do MS foi de 5,5 bilhões de
reais para o tratamento da hepatite C.
3.6. Mais uma vez, enfatiza-se a necessidade de mais
investimentos ou estratégias que assegurem os recursos necessários para tratar
mais pacientes.
3.7. Considerando a gama de medicamentos disponíveis para
Hepatite C no SUS, e seus desfechos clínicos bastantesemelhantes, coube ao DLOG
chamar uma tomada de preços. Nesta tomada de preços, o esquema terapêutico que ofertou o menor custo aproximado de
tratamento foi a combinação daclatasvir+sofosbuvir. Daclatasvir produzido pela
Bristol e sofosbuvir (genérico), produzido pela parceria lanver/Farmanguinhos.
3.8. Na última aquisição realizada em 2017, o Ministério da
Saúde pagou US$ 24,50 por comprimido de daclatasvir 60mg, esse valor diminuiu
para US$ 7,35 na atual tomada de preços (-70%). Já o sofosbuvir custava
US$49,46 por comprimido, e passará a custar US$8,50 na nova aquisição (-83%).
3.9. Isso significa que o mesmo custo aproximado de
tratamento, gasto para tratar um paciente considerando os preços da última
aquisição feita pelo MS (incluindo-se o custo de genotipagem e ponderação do
número de tratamentos de 12 e 24 semanas), permitirá tratar 4,5 pacientes a
partir da nova aquisição.
3.10. Essa tomada de preços possibilitará uma economia de
aproximadamente 270 milhões de dólares em relação aos preços praticados na
última compra do MS, sem perda de resultado para o paciente.
3.11. O esquema terapêutico, sofosbuir+daclatasvir está
alinhado às recomendações da OMS. Estudos publicados, considerando o uso desses
medicamentos na população brasileira trazem excelentes resultados terapêuticos,
chegando a uma média de 97% de RVS para pacientes com genótipo 1 e 91% para
pacientes com genótipo 3.
3.12. Posto isso, a atualização do PCDT propõe a priorização
da associação de sofosbuvir + daclatasvir para todos os pacientes com Hepatite
C, não experimentados anteriormente com DAA, independentemente do grau de
fibrose e do genótipo. O tempo de tratamento é de 12 semanas para a maioria dos
pacientes. A indicação de 24 semanas se dá para os pacientes com cirrose
descompensada (Child-B ou C). Para o genótipo 3, pacientes Child-A também tem
indicação de 24 semanas.
3.13. Além disso, estima-se que já foram aprovados
aproximadamente 80 mil tratamentos com DAA no SUS, desde 2015. Desses,
considerando um cenário conservador, aproximadamente 6% não foram “curados”.
Com isso, cerca de 4800 pacientes necessitam de esquemas específicos de
retratamento.
3.14. Para compor o rol de opções de retratamento,
solicitou-se a incorporação de glecaprevir+pibrentasvir, e velpatasvir+sofosbuvir.
O primeiro estará indicado para pacientes não cirróticos e ou com cirrose
Child-A, previamente experimentados a inibidores de NS5A. O segundo pode ser
indicado para pacientes com cirrose descompensada (Child-B ou C),
experimentados a NS5A.
3.15. Para os pacientes experimentados com
simeprevir+sofosbuvir ou, sofosbuvir + ribavirina ou, sofosbuvir+peg+ribavirina,
o esquema de retartamento preconizado no PCDT é de sofosbuvir+daclatasvir.
3.16. Para renais graves, genótipo 1 e sem cirrose
descompensada (Child-B ou C), há indicação de tratamento com 3D.
3.17. Vale salientar que os esquemas dos retratamentos
precisam ser aprovados pela CONITEC, e representam um impacto de
aproximadamente 133 milhões de reais para o SUS.
3.18. SBI - Sergio Cimerman: Questiona sobre a aprovação do
PCDT na CONITEC, argumentando que se o PCDT já foi aprovado a discussão não faz
sentido. O DIAHV esclarece que o uso de sofosbuvir+daclatasvir foi aprovado inicialmente
em 2015 e reafirmado em março de 2018, cabendo discutir as novas drogas propostas
para o retratamento.
3.19. Chamou-se a atenção para o fato de que nenhum
medicamento foi desincorporado da lista do SUS. Houve apenas a priorização de
indicação frente ao custo de tratamento. Todavia, as alternativas terapêuticas
permanecem incorporadas e participarão das futuras negociações de preço, com a
necessidade de novas aquisições.
4. A experiência da
Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) na aquisição e distribuição de medicamentos
genéricos no mundo.
4.1. Iniciou-se com a apresentação dos colegas que estavam
em videoconferência em Washington – OPAS, que atuam em diferentes áreas
(Serviços de Saúde e a Área de doenças transmissíveis onde está o componente de
hepatites virais); estavam em videoconferência Dra. Raquel do Fundo Estratégico
da OPAS; Nick, que é referência regional de hepatites virais; Leandro, Assessor
do Departamento de IST/Aids e Hepatites Virais na OPAS; e Juliana que trabalha
na área de medicamento de alto custo, dentro do Fundo Estratégico OPAS. Além de outros colegas da OPAS que estavam
acompanhando via web e que tem atuação em processo regulatório na OPAS e tem
relação com a ANVISA e a participação do Tomás que estava presente em Brasília.
4.2. Posteriormente abordou-se a integralidade do Processo
de Cooperação que a OPAS desenvolve com o Ministério da Saúde do Brasil nas
suas várias frentes, objetivando a universalidade, sendo a saúde universal um
eixoessencial da OPAS.
4.3. Medicamentos Genéricos, HCV e Acesso:
·
No caso
específico de hepatites, a discussão de preços, é constante e reiterada nos
vários fóruns, editoriais e publicações internacionais, tanto de países
desenvolvidos quanto nos que estão em desenvolvimento.
·
Os medicamentos genéricos demonstram-se como uma
estratégia para enfrentar os desafios relacionados a acesso a medicamentos
essenciais.
·
O fortalecimento da política de genéricos nos
diferentes países colabora para: redução de assimetria de informação, redução
de barreiras de entrada no mercado, incentivos à oferta, garantia de qualidade,
incentivos a aquisição, incentivos a prescrição, incentivos a substituição na
dispensação e difusão e educação pública. Todos são elementos de cooperação
técnica, especificamente, vários deles, são parahepatites;
·
Experiência
anterior com os ARVS da Aids: variação de preço – Efavirenz e Darunavir; Fundo Estratégico
da OPAS: redução do preço permitindo o acesso ao tratamento;
·
Dados publicados pela OMS a respeito de preços
praticados e acessos a medicamentos: Sofosbuvir/Ledipasvir e
Sofobusvir/Velpatasvir – exemplo da política de preço praticado na Argentina, a
partir de processos e políticas estruturadas a fim de equiparar um pouco mais o
preço praticado e promover a ampliação de acesso no país.
4.4. Caracterização dos Mercados (segundo o nível de
concorrência):
·
Demonstração de como a Cooperação Técnica pode
apoiar nesse processo de incorporação de medicamentos genéricos nos países da
região, considerando as outras características dos mercados: P&D como bem
público, assimetria da informação, elasticidade da demanda e outras.
·
Medicamentos genéricos - diferenciação de
produto: impacto da marca, exemplo de diferenciação do princípio ativo do
omeprazol (diferença de preço absurda);
·
Concorrência de medicamentos multifontes
propicia redução gradativa do preço;
·
Ranking de fármacos mais vendidos e principais
laboratórios do mundo: monopólios legais – sofosbuvir valores de lançamento:
U$$ 84 mil;
·
Diferenciação de produtos por concentração ou
forma farmacêutica, por vezes, não justificam o preço praticado;
4.5. Fortalecimento das Autoridades Reguladoras Nacionais de
medicamentos e produtos biológicos:
·
Instituições que atuam para controlar o ciclo de
vida dos medicamentos e podem auxiliar na tomada de decisões e implantação;
·
Diretrizes harmonizadas: a OMS lança uma série
de publicações de diretrizes para compartilhamento entre os países, com temas
de manufatura, farmacovigilância e outros para implementação;
·
Funções básicas de regulação de medicamentos:
ciclo de vida, investigação, ensaios clínicos, supervisão, controle e
vigilância (apresentação estrutura – evolução de sistema de regulatório em toda
a américa latina);
·
Avaliação das ANR de referência: módulos de
ferramentas medicamentos e vacinas (2011-2016): Sistema regulador, informação
geral, autorização do mercado, licenciamento de produtores, vigilância de
mercado, farmacovigilância, controle de estudos clínicos, inspeção e atividades
de fiscalização, laboratório de controle de qualidade e liberação de vacinas.
·
De modo geral, é satisfatória a atuação
regulatória na américa latina, caribe e américa do Norte, destacando Argentina,
Brasil e Colômbia;
·
Processo de reavaliação das ARN: até o momento
cinco Agências participaram da reavaliação através dos POS abreviado,
concluindo exitosamente o processo;
·
Histórico da atuação das Agências Reguladoras em
todo o mundo; criação e atuação do FDA e da OMS nos sistemas de marcos
regulatórios - transparência da informação: construindo confiança;
·
A estratégia global do setor saúde contra as
hepatites virais, 2016-2021 – Visão: Um mundo em que se coloca um freio na
transmissão das hepatites virais e que todas as pessoas com doenças tenham
acesso à prevenção, atenção e tratamentos seguros, acessíveis e eficazes e cuja
meta eliminar o problema, hepatites virais, para a saúde pública até 2030. Essa
é a mensagem principal;
·
O Brasil conta com uma das mais altas
autoridades reguladoras mundiais e tem total condição de desenvolver uma forte
política de medicamentos genéricos com excelente desempenho;
·
A OMS tem uma estratégia global para eliminação
das hepatites virais B e C até 2030 conforme já informado. Metas de redução de
90% de novas infecções crônicas de HBV e HCV. Redução das mortes em 65%;
·
No dia 28 de julho de 2018 foi publicado um novo
guia da OMS para o tratamento do HCV: fazer com que a saúde pública lide com a hepatite
C, tratamento para todos com DAAs pangenotípicos, tratamento para todos que
irão prevenir novas infecções, especialmente onde a incidência é alta,
simplificação do cuidado, integração e descentralização de serviços e a
participação social;
·
Apresentaram-se dados publicados relacionados a
genéricos nos países: Argentina, Egito e Mongolia. A eficácia ficou em torno de
90% e nos próximos meses a OPAS disporá de mais informações;
5. O Processo de
Registro de Medicamentos no Brasil - ANVISA
5.1. Em resposta aos questionamentos apresentados pelas
sociedades médicas e representantes da sociedade civil a respeito do
medicamento genérico sofosbuvir, na presente reunião o gerente de Avaliação de
Tecnologia de Registro de Medicamentos Sintéticos da Anvisa (GRMED), Ronaldo
Lucio Ponciano Gomes, foi convidado, uma vez que a esta agência se atribui a
competência de avaliar a conformidade dos critérios instituídos para registro
de medicamentos no Brasil.
5.2. O representante da Anvisa apresentou o processo de registro
de medicamentos genéricos no Brasil, reforçando que não há segmentação das
equipes de trabalho, não havendo uma equipe dedicada à análise de medicamentos de
marca e outra dedicada aos medicamentos genéricos. A mesma equipe realiza ambas
as análises. Adicionalmente, informou que os critérios técnicos relacionados à
qualidade dos medicamentos de marca e genérico são os mesmos.
5.3. Para submissão de um processo de registro são exigidos
inúmeros requisitos técnicos, que contemplam relatórios, laudos, estudos e
certificados. Dentre os documentos, constam o certificado de boas práticas de
fabricação e a comprovação de registro no país de origem, visto que
medicamentos importados também devem ser registrados no órgão de regulação do
país de origem.
5.4. O processo de registro de um medicamento compreende
várias etapas, incluindo:
·
Análise do insumo farmacêutico ativo (IFA); da
rota de síntese, que compreende o caminho pelo qual a empresa produziu a
molécula; de impurezas elementares, orgânicos e produtos de degradação; e dos excipientes.
As características físicas, como polimorfismo, enantiomerismo, diâmetro da
partícula, solubilidade, que influenciam na qualidade do medicamento, também
são analisadas.
·
Análise de todos os métodos analíticos
utilizados para Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs), excipientes, materiais de
embalagem e produtos acabados.
·
Análise da composição qualitativa e
quantitativa, bem como avaliação funcional dos ingredientes, eficácia do
sistema conservante, perfil de degradação e degradação forçada (submissão do
medicamento a uma condição de estresse crítica, que gere impurezas para serem
detectadas em situações normais).
·
Equivalência farmacêutica.
·
Bioisenção/Biodisponibilidade.
5.5. Reiterou-se que não é necessário estudo clínico para
verificar a eficácia e a toxicidade da molécula do medicamento genérico, pois
isso já foi estabelecido pelo medicamento de marca. Nesse sentido, o estudo
clínico pode ser substituído por estudo de biodisponibilidade. Contudo, existem
estudos com outros propósitos que podem ser necessários para o registro do
medicamento genérico, como por exemplo, em situações em que o genérico
apresente impurezas acima do limite de qualificação, ficando a cargo da empresa
qualifica-la por meio de estudo, podendo ser clínico ou não.
5.6. Após questionamentos, foram apresentados alguns
mecanismos de monitoramento dos medicamentos pósregistro, como a
Farmacovigilância, responsável pela identificação de tendências de mercado,
monitorando-o em busca de sinais de efeitos adversos relacionados aos
medicamentos, e o Proveme (Programa Nacional de Verificação da Qualidade de
Medicamentos) que fiscaliza a qualidade dos medicamentos disponíveis no mercado.
5.7. Após questionamento sobre polimorfismo de medicamentos,
foi esclarecido que um arranjo cristalino pode impactar na solubilidade da
molécula. Para tanto, no processo de registro, estuda-se o arranjo cristalino
da molécula e avalia-se a capacidade da empresa em caracterizar, monitorar e
controlar a produção do mesmo. Se um determinado arranjo cristalino tiver
impacto na eficácia clínica, o produto não é registrado.
5.8. O medicamento genérico reduz o preço do medicamento no
mínimo em 35%, sendo essa redução garantida por lei. A redução considera o
valor de referência do medicamento de marca, indicado no processo de registro.
Na prática, a redução aferida no mercado chega a 60% (média).
5.9. Dr. Paraná fala sobre o polimorfismo, que não é um tema
muito comum aos médicos, considerando a preocupação frente a clínica do
paciente e não à composição e estrutura molecular dos medicamentos. Ressaltou o
sucesso do exemplo do tenofovir, que em muito se assemelha com a situação atual
do sofosbuvir. Continuou afirmando que se há possibilidade de se economizar
para o SUS, não há o que colocar contra. Explicou que em alguns aspectos existe
uma insegurança em relação aos processos e instituições que geram um certo
receio no uso de medicamentos. Experiências como a do interferon peguilado
cubano levaram a uma certa resistência, mas sabe-se que é um imunobiológico, e
que é outra situação. O fato é que estamos frente a uma economia que deve retornar
a sociedade, na forma de segurança, por meio do monitoramento clínico dos
resultados do medicamento colocado no mercado. Além disso, deve-se continuar
fazendo a farmacovigilância e notificações. A SBI e SBH podem contribuir,
acalmar a classe médica, e auxiliar nesse monitoramento para gerar dados que
futuramente justifiquem essas decisões. Enfatiza a necessidade do MS tomar
espaços até hoje ocupados pela indústria, como no caso da educação médica
continuada. Dessa forma, coloca-se inteiramente a favor da priorização de sofosbuvir+daclatasvir,
em conjunto com a manutenção do monitoramento da eficácia e segurança.
6. Grupo de Incentivo
à Vida (GIV)
6.1. GIV - Jorge Beloqui: Explanou acerca de sua experiência
com o uso de medicamentos para o HIV, genéricos e não genéricos. Iniciou o uso
em 1991, e desde então fez uso de diversos medicamentos. Ressaltou o controle
de qualidade que deve ser igual para todos os medicamentos, por esta razão
existe a Anvisa. Valorizou a notificação de eventos adversos, geralmente não
realizado pelos médicos, entretanto há possibilidade dos usuários notificarem.
Falou sobre a evolução dos medicamentos quanto as suas formas de administração,
com o exemplo da didanosina, que teve o tempo de jejum diminuído
consideravelmente pelo produto genérico. O uso prolongado dos medicamentos pode
ocasionar eventos adversos, sendo genéricos ou não, sendo essas situações
previstas nos estudos do medicamento. A ampliação dos tratamentos do HIV tem
muita relação com os genéricos, e a grande diferença com os medicamentos para
hepatite é que no HIV os tratamentos são contínuos e não duram apenas 3 ou 6
meses. Com isso, praticamente não há chances de eventos adversos a longo prazo
no caso da hepatite C em discussão.
7. Organização
Médicos Sem Fronteira (MSF)
7.1. A apresentação abordou o uso de medicamentos genéricos
para Hepatite C com base na experiência da Organização Médicos Sem Fronteira
(MSF), que atua em aproximadamente em 11 países. A análise do cenário mundial
da epidemia de hepatite C evidencia a vulnerabilidade mundial às epidemias e o
quanto estamos longe de uma resposta ideal. Há cura para hepatite C, cura
simples e rápida e que chegou ao mercado desde 2013.
7.2. Globalmente são 68 milhões de pessoas já com infecção
crônica por Hepatite C, que poderiam estar sendo tratadas. Entretanto, através
do exemplo da AIDS, pode-se dizer que por traz de uma epidemia sempre há outras
epidemias como as sociais e ideológicas. No caso da Hepatite C está muito claro
que há uma epidemia de altos preços, o que interfere muito na resposta a essa
doença.
7.3. Até 2017 só a venda de sofosbuvir gerou lucro de 20
bilhões de dólares para a empresa que o produz, demonstrando ser um sucesso
comercial. O sucesso comercial não se reflete em sucesso em saúde pública. No ano
de 2015 havia mais pessoas sendo infectadas do que curadas para Hepatite C.
Esse resultado se repetiu em 2016 e 2017, ainda que em uma proporção um pouco
menor. Pode-se dizer que sob a ótica da saúde pública não se está aproveitando
o potencial máximo dessas terapias, que se mostram altamente eficazes e
seguras.
7.4. Os altos preços praticados têm muita relação com
lentidão no avanço das políticas públicas para Hepatite C, sobretudo no que se
refere a oferta de tratamentos. Esse problema precisa ser solucionado para
permitir os avanços necessários, de forma rápida e efetiva.
7.5. Em busca de uma alternativa para se remediar essa
situação, é imprescindível considerar a relevância dos medicamentos genéricos.
Experiências passadas dão evidências de que com genéricos se pode combater uma epidemia
de altos preços.
7.6. Sabe-se que o custo de produção da combinação de
sofosbuvir+daclatasvir é muito baixo. Em 2015 estimava-se que o custo de
produção era de 120 dólares/tratamento, em 2017 passou para 76
dólares/tratamento (considerando 50% de margem de lucro). A entrada de
genéricos no mercado aproxima os preços de venda desse custo de produção.
7.7. Existem várias empresas no mundo que já comprovaram que
conseguem produzir genéricos de qualidade dos mais altos padrões
internacionais, pré-qualificados pela OMS.
7.8. A entrada dos genéricos foi absolutamente decisiva na
história do HIV, fazendo cair o preço de maneira a permitir o tratamento em
massa. Ao se analisar os dados da AIDS nota-se que em 2003 (com entrada dos
genéricos), quando uma empresa da índia anunciou o preço de tratamento a 1
dólar por dia, teve-se uma escalada do número de pessoas em tratamento.
7.9. Com a hepatite C hoje estamos exatamente neste ponto.
Até agora aproximadamente dois milhões de pessoas foram tratadas, e apesar de
ser um momento de bastante turbulência, tensão e disputa, é também um momento que
nos dá a chance de termos um ponto de virada na resposta a essa doença.
Exatamente como aconteceu com a AIDS, e como espera-se que aconteça com a
Hepatite C.
7.10. No entanto, sabe-se que as condições existentes hoje
são diferentes daquelas que existiam em 2003. De lá para cá o regime de
propriedade intelectual foi aprofundado mundialmente, os desequilíbrios
inerentes a proteção a patente e aos monopólios estão mais agudos.
7.11. Vários países aceitaram regras novas que dificultam a
entrada de genéricos, os monopólios, muitas vezes obtidos de forma abusiva,
estão fortalecidos. Além disso, hoje existem acordos entre as empresas
voluntárias multinacionais e as empresas de genéricos que dificultam a
circulação de genéricos no mundo. Há pontos que segmentam e restringem a oferta
de genéricos. Ainda que hoje se produza um genérico na Índia, por exemplo, é necessário
saber em que locais aquele produtor pode comercializar o medicamento, e em que
condições o genérico pode ser ofertado.
7.12. Para se ter uma ideia disso deve-se observar o mapa
para licença de comercialização de sofosbuvir genérico, que a Gilead acordou
com empresas de genéricos indianos, mas que deixou de fora países que carregam
uma considerável parcela da carga global de Hepatite C. Ou seja, existem países
bastante afetados pela doença, mas que não podem comprar de fornecedores de
genéricos licenciados pela Gilead.
7.13. Outro fato que é menos comentado, todavia pode ser
mais chocante, é a situação de que dentre os países para os quais a Gilead
autoriza a venda de genéricos, boa parte deles ainda não tem qualquer fonte de
sofosbuvir, seja de marca ou genérico, por problemas sérios quanto ao registro.
A ausência de registro acontece até em países
como mercado bastante interessante para a indústria. Na
Ucrânia, por exemplo, a Gilead não quis registrar mesmo aquele sendo um país
com a maior prevalência da Europa.
7.14. O que acontece é que a empresa parou de registrar o
sofosbuvir na medida em que o Harvoni foi autorizado pelo FDA. E o mesmo
acontece agora, quando para de registrar o Harvoni e prioriza o registro de
Epclusa.
7.15. MSF desenvolve um projeto de Hepatite C no Camboja,
que é justamente o tipo de país de renda média, que o governo quer tratar, mas
não consegue. Até outubro de 2017 haviam sido tratados 2.700 pacientes naquele
país. Em 2017 MSF conseguiu negociar melhor os preços e comprar mais
tratamentos, possibilitando o tratamento para mais pessoas em outros países. Os
resultados de RVS tem sido muito consistentes, acima de 95%, provando que é
possível expandir tratamentos sem sacrificar resultados e qualidade do
medicamento.
7.16. Quanto ao polimorfismo questionado na apresentação da
Anvisa, esclareceu-se que MSF usa medicamentos de várias fontes, principalmente
genéricos. Dentre os medicamentos usados teve o sofosbuvir produzido no Egito, que
é um polimorfo diferente do produzido pela Gilead, que geraram os mesmos
resultados.
7.17. SBI - Sergio Cimerman: questionou se o
sofosbuvir+ledispavir utilizado por MSF foi de marca.
7.18. Felipe respondeu que nesse caso não há genérico do
medicamento. E acredita que a aquisição foi negociada com a empresa, e seu uso
possivelmente estava relacionado com o protocolo de tratamento adotado no país,
vez que para cada lugar se estabelece um protocolo de acordo com realidade
local.
7.19. Esclareceu ainda que o principal regime utilizado é
sofosbuvir+daclatasvir, com o argumento de que é o regime com mais resultados e
evidência acerca da segurança, eficácia e tolerância tanto em ensaios clínicos
quanto em estudos em condição de vida real. Trata-se de um esquema
pangenotípico, recomendado pela OMS.
7.20. Conclui-se que os altos preços causam racionamento na
oferta de tratamentos, que impactam nas condutas de diagnóstico frente a
necessidade de priorizar populações. Isso torna a linha de cuidado complexa e
inalcançável para alguns países.
7.21. O ritmo da resposta global para a epidemia de Hepatite
C é bastante lento, mas ele pode ser acelerado com estratégias de negociação de
preços, e simplificação das linhas de cuidado.
7.22. O Egito é, dos países em desenvolvimento, o que mais
utilizou genérico, e aquele que tratou muito mais pessoas do que qualquer outro
lugar. Isso mostra o importante papel dos genéricos, pois a sustentabilidade
dos programas é uma preocupação central.
7.23. Posto isso, enfatiza-se que o que acontece no Brasil
importa muito. Aqui tem-se um Plano Nacional de Eliminação, recursos para
executar esse plano, medicamentos registrados e agora uma estratégia de
negociação e redução de preços. Existem países onde não há nenhum desses quatro
aspectos. Com avanços do Brasil é possível mostrar para outros países que é
possível.
7.24. As ações exigem enfrentamento e coragem. O Brasil é
lembrado como um país que já fez isso no passado, e por isso tem-se a
expectativa que se faça sempre. O País está buscando fazer isso de uma forma
transparente, o que não ocorre em outros lugares, que optam por não divulgarem
os preços praticados em suas negociações, como Canadá, Austrália e Itália.
8. Discussão –
Período da Manhã
8.1. DIAHV: Dra. Adele agradeceu a exposição dos
participantes e falou da manifestação do Drugs for Neglected Diseases
initiative (DNDi), no que se refere as diversas cartas encaminhadas ao DIAHV e
ao Ministro da Saúde, oriundas das Sociedades médicas e civil, com algumas
posições contrárias a estratégia do MS quanto a oferta de apenas um esquema terapêutico,
pangenotípico, para o tratamento de novos pacientes com Hepatite C. O DNDi prestou
apoio as ações do Departamento e do MS.
8.2. O Departamento esclareceu ainda que a reunião é um
fórum propício para a discussão sobre esse tipo de relacionamento por cartas,
pois em algumas situações essas manifestações podem contribuir, mas também
podem atrasar os processos, como neste caso. Adele sugeriu um acordo, de que
informações não sejam divulgadas tendo como fonte as indústrias farmacêuticas,
mas que antes de se iniciar uma contestação as Sociedades se dirijam ao Departamento
e ao Ministério.
8.3. AIGA - Laís: Como contraponto, enfatiza a democracia e
que sempre estiveram junto ao Ministério na busca de soluções. Argumenta que os
questionamentos fazem parte da democracia.
8.4. DIAHV: Respondeu que o problema não são os
questionamentos, mas a forma com que eles se deram, de maneira precipitada,
visto que não se buscou informações junto ao MS para entender a situação antes
de publicar e fomentar ações.
8.5. SBH – Paulo Bittencourt: Explicou que muitas
informações chegaram da indústria, mas muitas mais surgiram nas redes sociais e
e-mails e cobravam um posicionamento da Sociedade. A SBH enviou uma carta ao
DIAHV por e-mail, e recebeu o relato de reunião de tomada de preços. A reunião
da CAHV é a complementação das respostas ao questionamento da SBH.
8.6. SBI – Sergio Cimerman: Também recebeu várias demandas,
cerca de 200 ligações telefônicas, a maioria de médicos. Sergio colocou a
discussão no grupo de Whatsapp da SBI, e após conversa com o comitê da
Sociedade decidiu-se pela construção de uma carta, que foi enviada ao DIAHV. A
SBI ratificou a informação de que, juntamente com as ONG, participaram de uma
reunião com o Ministro sobre o tema. Enfatizou que as abordagens da carta da
SBI foram semelhantes às demais cartas, e também solicitava uma reunião da
CAHV, devido ao seu caráter consultivo.
8.7. Leila: Evidencia a relevância das reuniões do CAHV como
um importante momento de esclarecimento. Trouxe a preocupação sobre a forma com
que as informações serão repassadas aos colegas médicos, haja vista a velocidade
de informações propagadas nas redes sociais. Destacou a preocupação frente a
credibilidade do genérico de sofosbuvir, já que a maioria dos profissionais
desconheciam o seu registro pela ANVISA. Questionou a hipótese de
judicialização, sobretudo em grandes centros como em São Paulo. Coloca a
possibilidade de não haver prescrição dos 50 mil tratamentos de sofosbuvir +
daclatasvir adquiridos, e que as demais alternativas previstas no PCDT sejam
requeridas pela via judicial, considerando a liberdade de prescrição do médico,
que decide o que será ofertado ao paciente. Disse ainda, que no Instituto do
Fígado pode-se garantir que nunca houve judicialização dos medicamentos, mas
que essa não é uma realidade no Brasil.
8.8. DIAHV: Informou sobre as estratégias do Departamento
frente ao conhecimento de casos de fomento a judicialização. Essas estratégias
envolvem o diálogo com o Conselho Nacional de Justiça e Associação dos Magistrados
no intuito de todo o contexto da situação, como já foi feito na oportunidade da
incorporação dos DAA. Além disso, cabe aos membros da CAHV e das Sociedades
Médicas repassarem as informações corretas aos médicos, e sensibilizá-los
quanto à importância dessa estratégia para o sucesso do plano de eliminação e
para a garantia da oferta de medicamentos do SUS. Com os esclarecimentos
prestados nas falas da ANVISA, OPAS e GIV e MSF pode-se dar segurança aos
membros da CAHV para que repassem as informações de maneira fundamentada. Com
isso, estariam ajudando o MS a dar celeridade no processo de compra dos
medicamentos, bem como em relação à migração entre os Componentes da
Assistência Farmacêutica, que também é um ponto chave para a melhoria do fluxo
de acesso aos medicamentos.
8.9. MBHV - Jeová: Preocupação frente à demanda reprimida, e
questiona acerca do prazo para o atendimento desses pacientes.
8.10. DIAHV: Colocou que é difícil definir uma data, pois
existem diversos entraves que podem ocorrer e que podem extrapolar as
competências do MS. Informou que na sexta o DIAHV teria uma reunião com o DAF e
poderia colocar um prazo mais factível, com a ressalva de que intercorrências
podem acontecer.
9. Discussão –
Período da Tarde
9.1. Retomou-se a discussão, abordando-se o recebimento de
um questionamento do Ministério Público sobre a migração dos medicamentos para
hepatites do Componente Especializado para o Componente Estratégico da Assistência
Farmacêutica. Jorge Beloqui questionou se o Departamento havia sido comunicado
da demanda, pois já havia sido encaminhada resposta do MS. DIAHV esclareceu que
não, e que provavelmente a demanda havia sido respondida pela SCTIE,
considerando ser a Secretaria onde esta o Departamento de Assistência Farmacêutica.
9.2. MBHV – Jeová: pergunta se a Frente Parlamentar de
Hepatites Virais chegou a mensurar a migração de componentes com o
Departamento. DIAHV respondeu que não chegou ao Departamento, mas que poderia
ter chegado no DAF/SCTIE. Enfatizou a importância de fomentar o assunto junto a
Frente Parlamentar.
9.3. GIV- Jorge Beloqui: colocou que em dezembro do ano
retrasado, a Gilead, solicitou um a reunião com o GIV, e com as áreas de HIV e
TB em São Paulo. Nessa oportunidade foi colocado que seria importante a empresa
deixar de lado a patente do sofosbuvir em benefício da saúde pública. Pediu-se
também o registro imediato do TAF, tenofovir e lafinamídia, que teria menos eventos
adversos ósseos e renais;
9.4. Marcelo Simão: frisou que o TAF tem eventos adversos
sim, só que menor proporção.
9.5. Paulo Abrão: contribuiu dizendo que há uma metaanálise
interessante demonstrando que os estudos com a pior performance do tenofovir
foram com IPR, informou que quando se tira o IPR, o tenofovir melhora muito,
fica quase comparável ao TAF.
9.6. ANVISA – Ronaldo: Esclareceu dizendo que a Agência
recebeu a solicitação de registo do TAF recentemente, mas já está designado
para análise com expectativa de publicação do registro para janeiro de 2019.
9.7. Paulo Abrão: Retomou a discussão acerca das hepatites
virais, pinçando três aspectos: O pioneirismo no processo de aquisição que
demonstra zelo no uso do recurso público; regras de negociação transparentes e
democráticas; e a necessidade de se buscar esclarecer mais os fatos antes de
levá-los adiante. Para ele as pessoas que participaram dessa reunião saem com
uma ideia diferente de quando elas chegaram.
9.8. GIV-Jorge Beloqui : Colocou que o Governo deveria
considerar a possibilidade de decretar o licenciamento compulsório se a patente
de sofosbuvir for concedida. Também informou que, segundo o programa, São Paulo
tem 4.122 pessoas e aguardando tratamento, a maioria delas com prescrição de
sofosbuvir+daclatasvir, e pela falta dos medicamentos essas pessoas já começam
a pensar em judicialização.
9.9. David: Destacou que os membros da Comissão tem
facilidade de articular com os protagonistas no tratamento das hepatites, no
intuito de dar densidade e credibilidade às propostas que o Ministério quer
trabalhar. Ressaltou a necessidade de se retirar a barreira subjetiva,
preconceituosa, que muitos prescritores têm em relação aos genéricos e a
políticas públicas. Enfatizou O DIAHV não enfrentará sozinho essas barreiras,
mas que a comissão enfrentará também. Resgatou a necessidade de capacitação
sobre os PCDT, e a utilização de veículos de disseminação rápida de
informações, como as redes sociais para propagar as informações. O DIAHV propôs
que haja em todo encontro regional da SBI um curso de atualização dos
protocolos.
9.10. SBH - Paulo Bittencourt: Contribuiu colocando a
importância das capacitações que a indústria proporciona, bem como o apoio na
identificação de casos novos, o que vem de encontro ao plano de eliminação até
o ano de 2030. Com a economia conseguida com a redução do preço do tratamento
sugere a avaliação sobre se o recurso poderia ser realocado para a
identificação de novos casos, caso seja factível do ponto de vista gerencial.
9.11. O DIAHV salientou que se deve fazer um movimento de
busca ativa de pacientes já diagnosticados, mas que não foram tratados por não
atenderem aos critérios dos antigos PCDT. A intenção é fazer os serviços
resgatarem essas pessoas, que somam mais de 100 mil casos.
9.12. SBH -Paulo Bittencourt: Sugeriu a elaboração de um
registro de reunião para ser divulgado.
9.13. SBI - Sergio Cimerman: Colocou dúvidas relacionadas
aos conceitos de eliminação. DIAHV esclareceu que a eliminação considera a
redução de novas infecções em 90% e a redução da mortalidade em 65%, até 2030. DIAHV
ressaltou que o conceito de cura muitas vezes é equivocado, principalmente para
população em geral; o tratamento da hepatite C trata a viremia e não
reconstitui a lesão do fígado. OPAS informou também que o conceito de
eliminação da hepatite C utilizado pela OPAS/OMS é da eliminação da Hepatite C
como um problema de saúde pública, que ocorre atingindo as metas de diminuição
de casos novos e mortes como já fora mencionado.
9.14. SBI -Sergio Cimerman: Considerando que se faz
aproximadamente 10.000-15.000 diagnósticos por ano, qual o motivo de adquirir
50.000 tratamentos? DIAHV esclareceu que a aquisição se baseou não apenas no
número de diagnósticos que serão realizados, mas no número de diagnósticos já
realizados. Considerando o PCDT anterior, que indicava tratamento aos pacientes
com fibrose F3 e F4, há ainda pacientes que não foram tratados, que totaliza mais
de 100.000 pacientes. DIAHV já está articulando com as secretarias de saúde, de
realizarem a busca ativa dos pacientes que foram diagnosticados, porém não
foram contemplados com tratamento.
9.15. DIAHV sugeriu um trabalho conjunto com as sociedades
médicas com foco em populações específicas, como paciente dialisados, por
exemplo. Há ainda que considerar a relação da hepatite C com pacientes
vulneráveis ao HIV. Um exemplo disso é a testagem da hepatite C em usuários da
PrEP.
9.16. DIAHV reforçou a ampliação do diagnóstico, sinalizando
que os testes rápidos e a carga viral, que em conjunto estabelecem o
diagnóstico das hepatites, estão sendo disponibilizados pelo Ministério da
Saúde.
9.17. SBI -Sergio Cimerman: Questionou ação mediante
pacientes com tratamento já prescrito. DIAHV esclareceu que haverá uma reunião
com o DAF (Departamento de Assistência Farmacêutica), quando será alinhada a
questão desses pacientes, e se comprometeu a se posicionar após essa reunião.
9.18. GIV – Jorge Beloqui: Segundo PCDT de manejo do HIV, as
pessoas vivendo com HIV (PVHIV) devem ser testadas para hepatite C anualmente,
porém isso não ocorre. Ou seja, pacientes que já estão nos serviços, não estão
sendo testados. O GIV indicou que há resistência dos médicos em solicitar
diagnóstico da hepatite C para as PVHIV e, portanto, solicitou apoio das
sociedades médicas.
9.19. SBI – Sergio Cimerman: Informou que sociedades médicas
não apoiam o processo de judicialização, citando casos de profissionais que
estão respondendo por isso. Informou ainda que apoiará a decisão tomada pela comissão
assessora para hepatites virais.
9.20. SBI – Sergio Cimerman: O guideline de tratamento de
pessoas diagnosticadas com hepatite C crônica da OMS, indica mais opções de
tratamento. Questionou necessidade dos exames de genotipagem e elastografia.
DIAHV informou que há situações em que a genotipagem será necessária (pacientes
cirróticos) e que a elastografia e biópsia não serão mais necessárias, apenas
os exames APRI e FIB-4, conforme preconizado pela OMS. DIAHV informou ainda que
os custos da genotipagem e da ribavirina foram considerados no momento da
negociação dos valores do tratamento.
9.21. SBI – Sergio Cimerman: SBI indicou atraso na liberação
do resultado de genotipagem, atualmente realizado pelo Laboratório Centro de
Genomas. Segundo monitoramento do serviço realizado pelo DIAHV, a média para liberação
do resultado é de 10 dias. Estando acima disso, deve-se avaliar o processo
realizado pelo ponto de coleta, pois o tempo passa a contar a partir do
encaminhamento da amostra ao laboratório executor e da requisição, que é
realizada no sistema Gal pelo profissional que cadastrou a mesma.
9.22. O DIAHV explicou como foi a negociação dos valores do
tratamento, indicando que todos os custos envolvidos no tratamento foram
considerados, explicando ainda a sustentabilidade orçamentária e programática
desse processo. Enfatizou a necessidade de estratégias que garantam a
sustentabilidade do sistema, como demostrado pelo modelo matemático.
9.23. SBI – Sérgio Cimerman: Questionou a estratégia para
caso a empresa fornecedora do Daclatasvir não tenha capacidade de cumprir com
todo o contrato. DIAHV esclareceu que isso é inerente a qualquer fornecedor e
ainda indicou que a aquisição do tratamento é anual e que isso pode mudar no
próximo ano. Colocou que o simeprevir descontinuou a produção pois perdeu
mercado no Brasil. Reforçou ainda que nenhum medicamento foi desincorporado,
possibilitando que outros medicamentos possam concorrer nas próximas
aquisições.
9.24. Paulo Abrão: Fez uma comparação com o histórico do
tratamento do HIV, que já teve como tratamento de primeira linha um medicamento
genérico, que não apresentou problemas no decorrer dos anos, e que isso
propicia espaço orçamentário para ter um bom retratamento e para arcar com
outros custos além do tratamento, de ações da linha de cuidado.
9.25. Marcelo: Coloca que a função dos membros da CAHV é
repassar todas as informações e esclarecimentos da reunião que foi muito válida
para os colegas da Sociedade, para acalmar os ânimos. Para tal, pediu ajuda de
Sérgio Cimerman, que consentiu.
9.26. Leila: Indicou o custo do Sofosbuvir genérico, que
gerará uma economia de mais de 1 bilhão de reais. Contudo, o Médicos sem
Fronteiras o adquire por US$ 120/tratamento, sendo que a previsão é do MS
adquirir por US$ 1.506,75/tratamento. DIAHV informou que o valor inicial
proposto pela Farmanguinhos foi de US$ 16/unidade, reduzindo para US$
7,50/unidade, e concorda que o valor ainda está elevado, mas que já é uma
redução
considerável que deverá continuar ocorrendo nas próximas
negociações.
9.27. MSF - Felipe: A tendência é reduzir o valor do
tratamento. O Médicos sem Fronteiras vem negociando o valor há muito tempo,
tendo adquirido, no primeiro momento, o tratamento por US$ 1.800. Considerando
ser uma organização humanitária, conseguiram chegar a US$ 120. Deve-se
considerar ainda que os produtores de genérico de outros países já estão há
algum tempo no mercado e, no início o valor era elevado também. Outro ponto é o
Daclatasvir, que a tendência é que haja fornecimento de sua versão genérica.
Com relação a efetividade do regime Sofosbuvir (genérico) + Daclatasvir, a
literatura e a discussão da reunião demonstram que funciona muito bem, não
tendo motivo de resistência.
9.28. OPAS: Indicou que o processo de negociação do
tratamento foi uma conquista e reforçou que o processo de redução dos preços é
contínuo.
9.29. Laís: Questionou se houve algum lote do Sofosbuvir
genérico produzido pela Farmanguinhos. DIAHV informou que não tem conhecimento,
mas indicou que o local de produção é o mesmo onde é produzido o Tenofovir e
Lamivudina atualmente. Segundo o representante do Médicos sem Fronteiras, o
processo de produção do Sofosbuvir genérico envolve além da Farmanguinhos, o
laboratório Blanver e Microbiológica (todas empresas nacionais), sendo a última
composta por pesquisadores que eram da empresa que desenvolveu o Sofosbuvir,
que posteriormente foi comprada pela Gilead. DIAHV informou que o contrato de
aquisição não foi concluído, mas foi garantido que a empresa está preparada
para efetuar uma entrega o mais rápido possível. A empresa possui uma
capacidade de produção de 7.000 tratamentos/mês. Segundo Anvisa, o IFA do
Sofosbuvir genérico é produzido pela Microbiológica, e transferido para a
Blanver, quem realizada a produção do produto acabado. Esse produto acabado
pode ser disponibilizado no mercado por duas vias, tanto pela Blanver como pela
Farmanguinhos. Ressaltou ainda, que todas as três empresas sofrem processo de
auditoria pela Anvisa. O representante da Anvisa pontuou ainda um estudo,
disponibilizado no site do FDA, que avaliou o mercado de medicamento nos
Estados Unidos da América no período de 1994-2004. O estudo demonstrou que com
o primeiro genérico no mercado, houve a redução de apenas 6% no preço e que a
redução real do preço é alcançada após o lançamento do quarto genérico no
mercado, trazendo uma redução de 71% no preço. A redução chega a 80% no preço
quando há 11 versões genéricas do medicamento no mercado, ou seja, para reduzir
o preço do medicamento, precisa de concorrência.
9.30. SBH – Paulo Bittencourt: A notícia da economia de 1
bilhão de reais na aquisição do tratamento da hepatite C está sendo considerada
fake news, pois estão considerando que a economia não está baseada na diferença
de preço entre o tratamento adquirido anteriormente, mas sim na diferença entre
o valor apresentado pelas empresas no pregão. O representante da SBH questionou
se no pregão é considerado apenas o valor do produto. DIAHV esclareceu que para
um pregão é redigido um termo de referência, onde são descritos os critérios
desejáveis do produto. Devido as diferentes especificações do tratamento da
hepatite C, como tempo do tratamento, indicações para grupos específicos,
indicações para genótipos específicos, dentre outras, a elaboração de um termo
de referência se torna muito complexa. Por conta disso, considerando que todos
os produtos apresentam a mesma eficácia, foi realizado um diálogo competitivo,
quando as empresas foram convocadas e os cenários foram apresentados. Os
cenários que exigiam o exame de genotipagem, por exemplo, foram incluídos. A
partir disso, as empresas foram apresentando os seus preços. Além disso, se
esclarece que a economia divulgada se baseou na diferença entre o menor custo
aproximado de tratamento ofertado na tomada preços e o custo de tratamento para
o preço praticado na última aquisição.
9.31. SBI – Sérgio Cimerman: Questiona se foi considerada
uma menor resposta ao tratamento dos pacientes com genótipo 3 quanto a
similaridade. O DIAHV Esclareceu que para os estudos levou-se em consideração a
média ponderada de RVS, de acordo com dados de estudos em pacientes
brasileiros. Considerando o número total de pacientes é inegável a similaridade
nas respostas com todos os medicamentos, e além disso a reposta para o genótipo
3 só difere para pacientes cirróticos que precisam e terão tratamento por 24
semanas. Logo, todos terão acesso a tratamento eficaz pelo tempo adequado.
9.32. Fernanda Fernandes: Coloca a necessidade de mudança
dos medicamentos de Componente, considerando a dificuldade e demora de acesso
junto ao CEAF, que chega a 8 meses. Enfatiza que para os pacientes do HIV, cujos
medicamentos estão no Componente Estratégico, o acesso é muito mais rápido.
DIAHV explica que essa tem sido uma luta do Departamento nos últimos 5 anos, e
orienta que as sociedades se mobilizem pedindo essa mudança. O DIAHV tem colocado
esforços para que isso aconteça, e coloca que algumas resistências serão encontradas
nesse processo, como a obrigatoriedade do uso do SICLOM para as hepatites em
todas as UDM. Além disso, pactuação na CIT e mudança na RENAME também precisam
ser feitas.
9.33. Após discussão também ficou esclarecido que a economia
de aproximadamente 1 bilhão é do custo aproximado de tratamento proposto na
atual tomada de preços em relação ao custo aproximado de tratamento com base no
preço praticado na última compra realizada pelo MS, em 2017. Ou seja, não é em
relação ao segundo colocado na tomada de preços.
9.34. O DIAHV solicitou o apoio de todos para que as
informações repassadas e discutidas cheguem até os prescritores na ponta.
9.35. Jeová solicitou que voltem a se fazer as capacitações
macrorregionais, essa solicitação será avaliada pelo DIAHV.
10. Esclarecimento
Complementar
10.1. Quanto ao caso do elbasvir+grazoprevir, para o qual
houve manifestação de sociedades afirmando se tratar de esquema que representa
menor custo comparado a sofosbuvir+daclatasvir, considerando o preço ofertado
na tomada de preços, faz-se o seguinte esclarecimento:
10.2. Essa opção não pode ter seu custo de tratamento
mensurado de forma isolada para fins de comparação com esquemas pangenotípiocos
(sofosbuvir+daclatasvir). A associação de elbasvir+grazoprevir não é uma
alternativa pangenotípica, logo, obrigatoriamente precisa de outros
medicamentos em seus cenários a fim de garantir a
cobertura de 50 mil tratamentos. O referido medicamento pode
até representar, para um genótipo específico, um custo médio de tratamento
inferior. Todavia, quando se soma o custo deste ao custo dos medicamentos
destinados ao atendimento de paciente que elbasvir+grazoprevir não contempla,
tem-se um aumento do valor dispendido por tratamento.
10.3. Além disso, para o uso de elbasvir+grazoprevir, que
inclusive não está dentre as principais indicações do Guia da OMS, é necessária
realização de genotipagem em 100% dos pacientes. Complementarmente, informa-se
que para fins de impacto deve-se considerar que todos os pacientes com genótipo
1A necessitariam de 16 semanas de tratamento, em virtude da necessidade de
realização de um teste de resistência para se estabelecer tratamento por 12
semanas nessa situação, o que elevaria o gasto.
10.4. Por fim, a análise de custo aproximado não deve ser
calculada para uma indicação específica dentro do contexto dos 50 mil
tratamentos, mas deve considerar as variáveis e premissas necessárias para atender
o universo dos 50 mil pacientes com Hepatite C, incluindo a necessidade de
outras alternativas para garantir a cobertura.
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Defender os interesses de seus membros.
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